Bairros da Cidade e Suas Origens


Pitanga e Nova Brasília - Depois do Centro, esses dois bairros são os mais antigos de Candeias. As suas terras eram destinadas às plantações de cana do antigo engenho Pitanga, nos séculos XVII,  XVIII, e XIX, vindo de tal engenho a origem do próprio nome do bairro Pitanga. Com o fim do engenho, já com o nome de fazenda Pitanga, cujo proprietário era Antonio Costa e Silva nas primeiras décadas do século XX, as terras dos dois bairros continuaram a produzir cana-de-açúcar para a Usina de Cinco Rios, em Maracangalha.
A Rua Desembargador Teixeira de Freitas que começa na Pitanga e termina em Nova Brasília é uma das principais dos dois bairros, e nas primeiras décadas do século XX era habitada por trabalhadores agregados do Usineiro Horácio Pinto. Nas décadas de 1950 e 1960 tornaram-se bairros de petroleiros, com residencias bem construídas e mais espaçosas.
Esses bairros foram os que mais sofreram com a poluição causada pela antiga Fábrica CCC - Companhia de Carbonos Coloidais, instalada em 1960 nas proximidades, trazendo sérios problemas de saúde para os seus moradores e fuligem para suas residências, fatos esses que contribuíram para afugentar centenas de petroleiros, que saíram da cidade.

Santo Antonio e Areia - Santo Antonio era o nome de uma fazenda de propriedade de Laurentino Nolasco da Cruz, que ocupava terras dos atuais bairros do Santo Antonio, Sarandi, Areia e as ruas do malembá, Situadas logo acima da Rua Getúlio Vargas, após a subida da ladeira.
Segundo as Sras Maria Bonifácia Costa e Alice Gonçalves Alves, por volta de 1928, existiam apenas duas casas no Santo Antonio, que eram tomadas por pés de mangueiras, jaqueiras, umbuzeiros, frutas-pão e bananeiras. Segundo elas, no início da década de 1950 o Santo Antonio continuava a ser "puro mato", com algumas casas de taipa; e, no início da década de 1960 o proprietário da fazenda, Laurentino Nolasco a teria dividido em lotes, que eram vendidos a 100 e 500 mil Réis, originando, dessa forma, o processo de povoamento desse importante bairro operário de Candeias. Em 1964, como consequência desse processo inicial de urbanização, já existia a escola estadual Rosa levita, cuja mestra era professora Valdete Moreira Lisboa e poucos anos após foi inaugurada a escola Alzira ferreira. Na Década de 1960 o Candeias Sport Clube e instalado um cinema no largo do Santo Antonio que fazia sucesso com filmes épicos e de faroeste americano. Nesse mesmo período os moradores do bairro faziam filas enormes para abastecer-se nas águas da fonte da caixa d'água e do dendê.
A Areia surgiu do prolongamento da fazenda Santo Antonio. Documentos dos anos de 1959 da tesouraria da prefeitura revelam a cobrança de taxa de 'licença para construção de uma casa do tipo proletária à rua da Rodagem", atual Getúlio Vargas, a principal rua do bairro, porta de entrada da cidade para quem vinha de Salvador. Atualmente localiza-se no bairro a escola que comporta o maior número de eleitores da 127ª zona eleitoral, que é a Escola Municipal Julieta Viana.

Sarandi - Sarandi é nome de origem Tupi e é uma árvore, mas não sabemos o porquê de o bairro ter esse nome, sendo possível que houvesse muitas dessas espécies vegetais no bairro passado.
As suas ruas principais são a Tomé de Souza (que chamava-se Rua da mangueira nos anos de 1950), Sergipe, Wanderley Araújo Pino, esta a maior rua de Candeias, que acompanha os trilhos da Leste no Sarandi, Triângulo e Pitanga.
Nessa época as suas terras faziam parte da Fazenda Santo Antonio, de propriedade de Laurentino Nolasco da Cruz.
Nas décadas de 1950 e 1960 as casas do bairro eram construídas de barro e de "taipa" ou de "sopapo", para usar a linguagem dos entrevistados. Nessa época, o fazendeiro Laurentino Nolasco, ao vender as terras do Sarandi, destinou as áreas mais próximas ao centro da cidade para a construção de residências e as mais próximas da Fonte do Mato (que abastecia de água as localidades mais próximas) para as roças.
Assim como o Santo Antonio, o Sarandi foi um dos primeiros bairros operários de Candeias, que cresceu com a expansão da cidade nos anos de 1960 e 1970, cuja maioria das residências fora construídas por trabalhadores  das empresas terceirizadas da Refinaria de Mataripe.

Triângulo e Antonio Paterson - O Triângulo era o local onde até a década de 1960 o trem fazia manobra em forma de um triângulo. Ali surgiram casas comerciais com o nome de Triângulo, como a exemplo do Bar Triângulo, Triângulo casa de materiais para construção e Mercadinho Triângulo. A Linha férrea fazia um traçado que contornava os dois primeiros estabelecimentos comerciais acima, e a Casa Santana, onde até os dias de hoje estão os trilhos da RFFSA no seu subsolo.
O Triângulo era bairro reduto oposicionista, bairro de trabalhadores politizados, que reuniam-se nas sedes de dominó e nas rinhas de galo, onde ocorriam conversas acaloradas sobre política.
Até os dias de hoje alguns se questionam se o triângulo é um bairro ou apenas um largo. Também se a subida da Rua 14 de Agosto, por exemplo, é Triângulo ou Sarandi. E a Avenida Antonio Paterson, um dos principais centros comerciais da cidade, onde localiza-se, ainda, a Estação Rodoviária, é Triângulo Pitanga ou Nova Candeias?A Área atual da central de Abastecimento, onde nas décadas de 1950 e 1960 existia uma olaria, um riacho, muitos lírios, muricis, cloranas e até um poço de petróleo (atrás do Supermercado Bom Preço), é Triângulo ou Pitanga?
Analisando documentos das décadas de 1950 e 1960, percebemos que todas essas ruas acima faziam parte da Fazenda Pitanga, de propriedade de Silvestre Costa e Silva, que as passou por herança em 1961 para Cipriano Costa e Silva e sua esposa, Maria de Lourdes Pacheco e Silva.
Quanto à Avenida Antonio Paterson, esta era um caminho por onde passavam animais que saíam da Fazenda Massuim e Passagem dos Teixeiras em direção ao largo da feira.
Até o dia de hoje não sabemos ao certo em que bairro está essa importante rua, que é um dos símbolos da Candeias moderna, planejada. Documentos das décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990 expedidos pela prefeitura e companhias de eletricidade, água e telefonia, a inserem no Triângulo, Sarandi, Centro e Nova Candeias.
A Área exata onde está o Terminal Rodoviário Antonio Carlos Magalhães, inaugurado em 1982, era destinados a circos e parques de diversão.

Nova Candeias / São Francisco-Saboaria / Dom Avelar / Mamão - A Nova Candeias é oriunda das terras de Romeu Bordoni, e começou a ser povoada nos anos de 1960. A Construção da BA-522 puxou o povoamento da cidade para o entorno da estrada que a ligava a Salvador, formado pela Nova Candeias, Saboaria, São Francisco, Dom Avelar e Mamão. Nessas localidades os abatedores de gado e açougueiros da cidade jogavam ossos e sebo nas vias públicas, sobretudo no ponto do Osso e Saboaria. O Nome desse local originou-se da fábrica de sabão de Daniel Alves Carvalho, no início dos anos de 1970. Nesta década a Nova Candeias recebeu dezenas de famílias de camelôs cearenses, que passaram a morar nela. Nesse período também se estabeleceram na localidade diversas famílias provenientes de Jaguara, distrito de Feira de Santana.
Algumas construções tornaram-se marco de seu povoamento, como o Colégio Professor Dásio e a igreja de São Francisco de Assis, situados em área que em 1910 pertenciam à Fazenda Mamão, de propriedade do conselheiro Luiz Viana Filho.
As Terras dessa fazenda estendiam-se do Mamão atual, passando pelo recém construído Conjunto Residencial Alto da Bela Vista e pelos bairros de São Francisco, Dom Avelar e parte da Nova Candeias.
Quanto À Dom Avelar, o bairro começou a ser povoado depois da invasão de seus terrenos por famílias  de sem-teto que tiveram de enfrentar a polícia e a prefeitura, no final da década de 1980. Escolhe-se o nome do cardeal Dom Avelar Brandão Vilela, que havia falecido recentemente, para ser o seu patrono onomástico.

Urbis I e Urbis II - As Construções desses dois conjuntos habitacionais datam do início da década de 1980 e chegaram tarde, pois Candeias sofriam um grande déficit habitacional devido ao crescimento populacional das décadas anteriores, quando ocorreu a "corrida ao ouro negro".
Ao contrário das cidades de Camaçari e Simões Filho, que receberam diversos conjuntos desde os anos de 1970, em Candeias, o governo do estado construiu apenas dois: o Conjunto Habitacional Candeias I , e o Conjunto Habitacional Candeias II, conhecidos popularmente como Urbis I e Urbis II, onde as ruas foram ordenadas e identificadas por letras do alfabeto, enquanto que os caminhos por números. Os documentos de posse da Urbis I foram entregues em 1983 e as casas do conjunto eram destinadas , prioritariamente, para funcionários da prefeitura, por isso foram construídas próximo ao Paço Municipal Conselheiro Luiz Viana, no bairro do Ouro Negro. Para adquirir os imóveis neste conjunto de cada possuidor pagou uma taxa de expediente de onze mil e quinhentos cruzeiros à Urbis habitação e Urbanização da Bahia S/A.
"Eles abandonaram a Urbis de cá [II] para fazer a de lá [I] e não trouxeram os outros equipamentos, como centro comunitário, praça e posto policial, dentre outros", afirma Robson José de Santana, sindicalista, fundador e ex-diretor  da associação de moradores da Urbis II, referindo-se ao abandono a que esta vem sendo submetida desde a sua fundação. A Urbis II realmente foi projetada antes da Urbis I, no ano de 1981; sua construção iniciou-se em 1982, mas as suas casas somente foram entregues depois da entrega das casas da Urbis I.

Ouro Negro - Segundo o professor Milton dos Santos Matos, em 1966 existia apenas uma casa construída no Ouro Negro, sendo esta de sua propriedade, edificada em área outrora permanente a Saback. O Povoamento somente iniciou-se na década de 1970, sobretudo depois que o prefeito Celino Gomes da Silva transferiu a sede da prefeitura para lá, sob protestos da população de Candeias.
No Bairro localizam-se atualmente, além da prefeitura, a Justiça comum, a Justiça do Trabalho, o Hospital Municipal (antigo Ouro Negro) e a Câmara de Vereadores.

Malembá e Santa Clara - O Bairro Santa Clara, apesar da proximidade com os milagres e a igreja matriz, foi povoado muito recentemente, na década de 1980, quando havia muito barro e dificuldades de carro adentrar o local.
Originou-se das terras da fazenda Santa Clara, de Clarindo Gualberto dos Santos. Segundo a oralidade, a fonte de seu Clarindo, existente até os dias atuais e de onde jorrava a melhor água de Candeias, deu nome ao bairro. Um caminho por onde passava os aguadeiros com seus jumentos ligava essa fonte ao bairro Malembá. Na Santa Clara residiam vários aguadeiros: Raimundo, Joselito e Serafim Leal. A Fonte de seu Clarindo abastecia boa parte do arraial de Candeias.
O Bairro Malembá, como foi citado numa das postagens desse Blog, teve sua origem a partir de uma fazenda chamada de Fazenda Malumbá. Saiba Mais acessando a postagem: Bairro Malembá.

Fonte: Candeias: História da Terra do Petróleo. Prof. Jair Cardoso dos Santos. 

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7 comentários:

  1. Um trecho específico do texto me chamou à atenção: “analisando documentos das décadas de 1950 e 1960, percebemos que todas essas ruas acima faziam parte da Fazenda Pitanga, de propriedade de Silvestre Costa e Silva, que as passou por herança em 1961 para Cipriano Costa e Silva e sua esposa, Maria de Lourdes Pacheco e Silva”.
    Quais seriam esses “documentos”?

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    1. Bom dia, Leonardo! De acordo com o historiador, são documentos cartorários. Documentos do cartório de registro de imóveis de Candeias.

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  2. Qual o bairro mais valorizado de Candeias?

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    1. Centro, Malembá e Nova Brasília. Estes são os mias procurados pelo que tenho visto.

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