O Mangue - Dia Mundial da Preservação dos Manguezais



Hoje, 26 de Julho de 2019, comemora-se o dia mundial da preservação dos manguezais e o grupo Maré Sustentável, grupo de preservação que atua na limpeza de praias e mangues do município de Candeias, teve o prazer de convidar o professor e historiador Jair Cardoso para falar um pouco daquilo que ele acha desse lindo ecossistema. Agradecemos desde já ao professor Jair e que possamos contar com ele em outros eventos voltados à preservação ambiental, em especial, à Prainha de Aratu e ao Rio São Paulinho, locais belos do município e dignos de atenção, principalmente por parte do poder público que poderia dá suporte a essas localidades costeiras do município de Candeias.

O manguezal é um ecossistema de transição costeira entre biomas terrestres e marinhos. O seu papel de proteger a costa, de conter sedimentos oriundos das bacias hidrográficas e de ser habitat de inúmeras espécies biológicas o caracteriza como um verdadeiro berçário do mar. Formam-se em regiões de mistura de águas doces e salgadas como estuários, baías e lagoas costeiras. Estes ambientes apresentam ampla distribuição ao longo do planeta, ocorrendo nas zonas tropicais e subtropicais onde as condições topográficas e físicas do substrato são favoráveis ao seu estabelecimento. Um bioma costeiro influenciado pela salinidade do mar e formado por um ambiente salobro e com solo lodoso, com alto teor de sal; grande quantidade de matéria orgânica, e pouco oxigenado.
Observando a vegetação do mangue, percebemos adaptações especiais nas raízes e caules, para ajudar na fixação e respiração, e nas folhas para ajudar a eliminar o excesso de sal (mangue branco). Caranguejos escavando suas tocas ajudando na oxigenação do solo. Peixes, moluscos e crustáceos usam o mangue para desovar e, ao mesmo tempo, se tornam vulneráveis às aves, que tem essas espécies do mangue como fonte de alimento.

Considerado como um dos ambientes naturais mais produtivos do Brasil, devido a grande variedade de crustáceos, peixes e moluscos, a falta de preservação pode colocar em risco essa riqueza natural, como a exemplo dos despejos químicos realizados pelas indústrias, o lançamento de esgotos domésticos e o desmatamento com o intuito de realizar construções de residências e indústrias, além do lixo que tem sido um grande problema enfrentado pelos ambientalistas que zela pelo ambiente no intuito de amenizar a degradação do ambiente.
Os manguezais são áreas de preservação permanentes de acordo com o código florestal brasileiro, lei federal Nº 12.651, em outro modo de ver, os mangues são áreas intocáveis e com rígidos limites de exploração, ou seja, não é permitido a exploração econômica direta nesse ecossistema.
infelizmente, no Brasil, essa espécie de vegetação vem sofrendo o descaso devido ao crescimento industrial, poluição e as ocupações desordenadas que vem ameaçando de extinção não somente os mangues, mas, grande parte das espécies marinhas, equivalente a 80% que dependem desse ecossistema para se reproduzir, se alimentar, e até mesmo usarem a área como área de refúgio afim de se esconderem de predadores. Grande parte dos peixes passam toda a sua fase juvenil nos manguezais até chegarem a sua fase adulta e ganharem o oceano.
As aves também dependem dos mangues para sobreviverem pois, parte dessas aves se alimentam de peixes além dessas aves usarem as áreas dos manguezais como área de repouso e de reprodução: garças, maçarico, socós, pica-pau, martim pescador, guará, águia pescadora, saracura do mangue, papa lagarta do mangue, figurinha do mangue, savacu de coroa, binguá, e outras aves residentes e migratórias; Além dos mamíferos que são bem notados no mangue, que são: o peixe boi e o sagui, além de outros.

No Brasil, encontramos a maior faixa contínua de manguezal do mundo; uma faixa que começa perto de Belém do Pará e vai até São Luis do Maranhão, uma área de 7.500 km, que é uma área superior aos manguezais da Índia, Bangladesh, e Papua Nova Guiné; Possuindo em Papua Nova Guiné uma área de manguezal de aproximadamente 6.000 km de extensão.
No Brasil são mais de 11.000 km² de manguezais espalhados, começando a partir do Amapá e vai até o estado de Santa Catarina. No norte do Brasil é o local onde os manguezais mais se desenvolveram e mais crescem a ponto de algumas dessas árvores chegarem a 40 metros de altura. A grande quantidade de chuva e as imensidões de riso próximos aos mangues, a água passa a ser menos salgadas e, com isso, as árvores passam a crescerem de forma mais intensa devido a baixa salinidade no ambiente, sendo assim, quanto menos sal nos manguezais, mais essas árvores irão crescer.
Cada vez mais estudados, o manguezal é visto hoje como um dos maiores aliados do homem na luta contra os efeitos do aquecimento global, pois, numa informação recente, foi descoberto pelo Serviço Florestal americano que o manguezal tem uma competência de fixar carbono bem mais que as florestas tropicais, temos então um grande controlador do efeito estufa; O estudo examinou 25 manguezais da região do Indo-Pacífico e descobriu que, por hectare, os manguezais armazenam até quatro vezes mais carbono que outras florestas tropicais do mundo. Os resultados da do estudo foram publicados na versão online da "Nature Geoscience". Os manguezais são conhecidos como um ecossistema extremamente produtivo que processa o carbono rapidamente, mas até agora não havia uma estimativa do quanto de carbono havia nesses sistemas. Isto é essencial porque muito do que está armazenado é liberado na atmosfera - diz Daniel Donato, pesquisador do Pacific Southwest Research Station em Hilo, no Havaí. A capacidade dos manguezais de armazenar tanto carbono se deve, em parte, ao solo rico em material orgânico. Os sedimentos de carbono armazenados nos manguezais são, em média, cinco vezes maiores que os observados do que em florestas temperadas, boreais e tropicais, por unidade de área de base. Este alto armazenamento de carbono sugere que os manguezais têm um papel importante no gerenciamento das mudanças climáticas. (Jornal O Globo)
O ecossistema manguezal desemprenha vários papeis na natureza, tais como: proteção da linha de costeira; funcionamento como barreira mecânica à ação erosiva das ondas e marés; retenção de sedimentos carreados pelos rios, constituindo-se em uma área de deposição natural; ação depuradora, funcionando como um verdadeiro filtro biológico natural da matéria orgânica e área de retenção de metais pesados; área de concentração de nutrientes; área de reprodução, de abrigo e de alimentação de inúmeras espécies e área de renovação da biomassa costeira e estabilizador climático. Desempenha funções de fundamental importância na dinâmica das áreas estuarinas, pois, funciona como local de sedimentação do material carreado pelos rios.

A caracterização dos manguezais depende dos tipos de solos litorâneos e, sobretudo, da dinâmica das águas que age sobre cada ambiente costeiro.
Importante na formação dos manguezais é a variação do nível médio do mar. Por ser um processo gradual e lento, durante esta variação ocorre uma reorganização constante no espaço destes ambientes. Sendo assim, o desenvolvimento de espaços novos pela fixação das espécies dos mangues é mais acelerado do que o processo de formação de solos. Deste modo, a cada redução ou elevação do nível médio do mar há uma adaptação dos manguezais evitando, portanto, a extinção do ecossistema.
Uma das características fundamentais para a fixação dos manguezais é o substrato acumulado nas superfícies inundadas pelas marés. Este se forma a partir do transporte de sedimentos oriundos dos rios e oceanos. O encontro das águas doces e salgadas, na região estuarina, faz com que os sedimentos transportados percam velocidade e se unam através de processos físico-químicos formando grumos (processo de floculação). A formação dos grumos implica em aumento do peso das partículas que vão para o fundo formando um sedimento fino composto basicamente por silte, argila e matéria orgânica, propiciando a instalação de espécies vegetais.
Estes vegetais ao se desenvolverem emitem raízes que vão funcionar como barreira física aos sedimentos transportados pelas águas favorecendo daí, a deposição destes ao seu redor e criando novas áreas de sedimentos disponíveis para colonização de novas plantas. Cabe ressaltar que este é um processo lento e contínuo que faz com que o manguezal cresça sempre em direção à água.
A matéria orgânica produzida pelo manguezal com a queda de folhas é, em parte, absorvida pelo aumento do substrato retido pelas raízes e troncos. Além disso, é exportada pela ação das correntes de maré vazante, que drena para as gamboas um grande volume de folhas e material particulado, que se acumula no sedimento e contribui para o aumento das áreas de manguezais.
Outro fator de extrema importância para a formação e desenvolvimento dos manguezais são as marés. Elas transportam os sedimentos, a matéria orgânica, as sementes dos mangues (propágulos) e servem como via para os animais.
Ao longo da costa brasileira as marés apresentam uma grande variação. Quanto mais próximas da linha do Equador, mais as marés apresentam um maior intervalo (amplitude) entre a maré baixa e a maré alta, cujos registros apontam variações de 7 metros (Maranhão), 12 metros (Pará) e 14 metros (Amapá). Esta variação entre as marés vai ser determinante para os bosques de manguezais, pois, quanto maior a variação da maré maior será a altura dos referidos bosques.
As marés também são determinantes para as comunidades pesqueiras que vivem do manguezal. O conhecimento por parte do pescador é fundamental para regular o horário de trabalho, o tipo de pesca a ser feita e a presença de insetos.

Além das marés, a quantidade de água doce (aporte) que o manguezal recebe também é fundamental para o desenvolvimento e manutenção deste ambiente. A circulação de águas provoca a mistura de águas doces e salgadas formando um ambiente estuarino. Nesta ambiência há uma distribuição de salinidade que determina a instalação e sobrevivência das espécies vegetais do manguezal, a distribuição dos organismos aquáticos e fatores ambientais como, por exemplo: temperatura, oxigênio dissolvido (OD), pH, nutrientes e metais. Existem manguezais onde a entrada de água doce não ocorre através de rios ou riachos mas, sim através da água das chuvas. Estes tipos de manguezais estão presentes principalmente em ilhas oceânicas.
A temperatura do ar e da água também são fundamentais para o desenvolvimento dos manguezais, que preferem os ambientes mais quentes da região tropical. Quanto maiores as latitudes, menores as temperaturas do ar e da água e, conseqüentemente, menor será a altura e a extensão dos bosques de manguezal. Por fim, a temperatura funciona como um fator limitante para o crescimento da flora típica deste ecossistema.
Fontes de pesquisas: G1, Record TV,  Nature Geoscience e  (PEREIRA FILHO & ALVES, 1999).
Saiba mais sobre os manguezais acessando o Link

A Flôr do Mangue


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